
Síndrome Anticolinérgica
Conceito
É a síndrome resultante do antagonismo da acetilcolina no receptores muscarínicos.
Apresenta componentes centrais e periféricos.
Causas Tóxicas
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Antihistamínicos: especialmente prometazina, Trimeprazina, Dimenidrinato
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Drogas antiparkinsonianas (Benzatropina, Biperideno, Orfenadrina, Prociclidina)
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Agentes antiespasmódicos (Clidinium, Glicopirrolato, Propantelina)
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Alcalóides da Belladonna (extrato de Belladonna, Atropina, Hioscina, Sulfato L-Hiosciamina, Brometo de escopolamina)
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Antidepressivos Cíclicos
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Cicloplégicos oftalmológicos (Ciclopentolato, Homatropina, Tropicamida)
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Fenotiazínicos
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Plantas contendo alcalóides anticolinérgicos (Atropa belladonna,Brugmansia spp, Cestrum spp, Datura spp, Hyoscyamus niger,Solanum spp). Os derivados tropânicos (alcalóides de plantas solanaceas e drogas relacionadas) são de maior importância prática.
Manifestações clínicas
Baseia-se no aparecimentos dos sinais da síndrome tóxica anticolinérgica. São eles:
A) Centrais: alteração da consciência, desorientação, discurso incoerente, delírio, alucinações, agitação, comportamento violento, sonolência, coma, depressão respiratória central e raramente convulsões.
B) Periféricas: hipertermia, midríase, membranas e mucosas secas, pele vermelha, quente e seca, vasodilatação periférica, taquicardia, diminuição da motilidade intestinal (às vezes íleo paralítico) e retenção urinária (pior em pessoas com hiperplasia prostática).
Outras manifestações: rabdomiólise, choque cardiogênico e para cardiorespiratória (excepcional). Pessoas com glaucoma sofrem agravamento desta doença.
Diagnóstico Diferencial
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Abstinência ao álcool
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Delírio orgânico (usualmente secundário a sepsis)
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Doenças psiquiátricas
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Drogas psicodélicas
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Agentes simpatomiméticos
Tratamento
O tratamento é primariamente de suporte. O paciente deve ser protegido de lesões auto-provocadas. Para isto, pode ser necessário restrição física ou farmacológica. Entubação e respiração controlada podem ser necessárias na insuficiência respiratória. Nos casos de ingestão, a descontaminação gastrintestinal deve ser considerada.
DIAZEPAM: Administrar 5 a 10 mg endovenoso em 1 a 3 minutos. Repetir a mesma dose se necessário até a dose máxima total de 30 mg. A dose pediátrica de diazepam é 0.25 a 0.4 mg/kg até a dose total máxima de 5 mg em crianças até 5 anos e 10mg em crianças acima de 5 anos de idade.
FISOSTIGMINA: é o antídoto específico para intoxicações por anticolinérgicos e deve ser utilizado nas seguintes situações:
1. Agitação grave ou comportamento psicótico não responsivo a outros tratamentos.
2. Evidência clínica de síndrome anticolinérgica central e periférica.
3. Ausência de história de convulsões.
4. ECG normal, especialmente intervalo QRS.
5. Ausência de história de ingestão ou co-ingestao de antidepressivos tricíclicos ou outros fármacos que retardam a condução intraventricular.
6. Disponibilidade para monitorização cardio-respiratória e equipamento para ressuscitação no local.
A dose de FISOSTIGMINA é de 1 a 2 mg (0.5 mg em crianças) por via endovenosa em 2 a 5 minutos. Esta dose pode ser repetida após 40 minutos.
Evolução clínica e Monitorização
A recuperação completa é esperada em um período de horas a dias. Em casos de síndrome anticolinérgica mais grave, o ritmo cardíaco e a pressão arterial devem ser monitorizados freqüentemente.
O débito urinário também deve ser monitorizado para detectar possível retenção urinária.
Referências Bibliográficas
IPCSIntox
Pediatria/Criança. Intoxicações Exógenas Agudas.
Psicofarmacologia de antidepressivos.
Perfil das intoxicações por medicamentos utilizados no tratamento das rinites na Cidade de São Paulo
Psiquiatria para Estudantes de Medicina.
Como é a Síndrome Anticolinérgica Aguda?