O Papel da A. T. no Tratamento do Autista
- contatomaosamigas
- 3 de dez. de 2015
- 3 min de leitura

Assim que me foi indicado pelo neurologista levar meu filho a uma psicóloga para que ela acompanhasse e se resposabilizasse, principalmente, pelo tratamento na área cognitiva, não hesitei. Já nas primeiras sessões ela me comunicou que a presença de uma A.T. no tratamento seria um “divisor de águas”. Imediatamente indaguei sobre o que seria uma A.T. e qual a sua função. Foi explicado que ela seria uma profissional, graduada ou acadêmica, que, no caso do meu filho, aplicaria ABA (Análise do Comportamento Aplicada) no ambiente natural, qual seja em nossa casa.
Como o destino é meu amigo, eis que surge em nossas vidas a figura de uma A.T. simpática, competente, amorosa e muito estudiosa. A tia Elisa aplica ABA no Theo três vezes por semana, em nossa casa, e ele adora. Quando a vê, pega em sua mão e a leva para o quarto para começarem logo.
Ela, semanalmente orientada pela psicóloga, utiliza de recursos lúdicos e científicos que têm contribuído muito para o desenvolvimento do nosso pequeno. Geralmente, ela o atende em uma mesinha e usa como reforçadores os objetos que ele mais gosta, ou seja, ipad e quebra-cabeças. Acredito que cada criança possui etapas no tratamento que exigem os programas apropriados. No caso do meu filho, na idade em que se encontra e na fase de desenvolvimento em que está, a terapia ABA foi a escolha certa.
A A.T. que aplica essa terapia precisa estudar o assunto e fazer cursos de aprimoramento. Há pouco tempo que os interessados começaram a ter a oportunidade de fazer esse tipo de curso em Goiânia, até poucos meses atrás, teriam que se dirigir a outros estados. No caso da nossa A.T., que é uma estudante de psicologia da PUC Goiás, o estudo complementar em andamento é o “Curso de Aprimoramento: introdução aos princípios Básicos da Terapia ABA”. Também frequento esse curso de oito meses. No entanto, minha intenção não é “tratar meu filho”, mas entender o que está sendo feito com meu pequeno e auxiliar o terapeuta no que for necessário.
Achei oportuno falar sobre o papel da A.T. porque várias pessoas me perguntam o que é e qual sua função e importância. Demais disso, transcrevo o depoimento de nossa A. T., Elisa Mamede, sobre o seu atual ofício:
“O Acompanhamento Terapêutico é um trabalho que objetiva à autonomia e a (re)inserção social de pessoas que por diversos motivos não estão aptas a relacionar-se com outras pessoas de forma independente ou que necessitam de algum tipo de auxílio nessa e/ou em outras áreas. É um trabalho amplo e que explora as diversas possibilidades do ser humano, colocando-o de forma ativa em seu ambiente social.
O Acompanhante Terapêutico (A.T.) pode ter se graduado em qualquer área, pois não existe ainda um curso superior específico. Entretanto, mesmo não tendo ainda um curso profissionalizante na área, é preciso que o A.T. tenha sido treinado e/ou capacitado para atividades específicas que possam auxiliar o acompanhado em suas necessidades no seu ambiente natural, como por exemplo, casa e escola. Como exposto anteriormente, neste trabalho é possível abranger diversas possibilidades do paciente e, partindo desse princípio, é preciso estabelecer metas e objetivos de comportamento esperados e/ou desejados do mesmo. A atuação do A.T. em crianças com TEA é de extrema importância para o desenvolvimento devido à demanda de adaptações que as mesmas requerem no ambiente social em razão das suas características peculiares.
Dispondo especificamente da atuação do A.T. que atende pacientes com TEA e que realizam a terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada), é relevante citar que o profissional atua em ambientes naturais dos pacientes de forma a criar condições favoráveis para a aprendizagem e auxiliando até mesmo na inclusão dos atendidos.
Em minha experiência como Acompanhante Terapêutica de crianças com TEA e que realizam a terapia ABA, vejo nos pacientes inúmeras possibilidades que podem e precisam ser trabalhadas. Por isso, sempre é necessário analisar e explorar todas as possibilidades existentes na criança. É importante ainda ressaltar que cada caso é um caso e, sendo assim, cada criança tem seu tempo de desenvolvimento e dificuldade específicos. Ademais, ressalta-se que cada ‘passo’ de evolução neste processo deve ser valorizado e reforçado.
Por fim, destaco que no processo de tratamento é imprescindível a participação ativa e contínua dos pais, como no caso do Theo Takeda, criança que está evoluindo de forma notória graças a um conjunto de condições favoráveis estabelecido pela sincronia entre os profissionais que o atendem e a família.”
*Tatiana Takeda é mãe de uma criança com autismo, advogada, professora universitária, servidora pública, mestre e especialista em Direito e especializanda em Autismo.
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