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Visual

 

Aplicativo de celular ‘lê’ mundo para deficientes visuais com ajuda de voluntários

Damon RoseDa BBC News

 

29 janeiro 2015

 

App gratuito teve 99 mil inscrições de voluntários na primeira semana

Uma lata de sopa se parece muito com uma lata de feijão. Se você sacudí-los, eles fazem o mesmo som. Então, se você é cego e não quer jantar sopa hoje à noite, pense na possibilidade de baixar um novo aplicativo de smartphone que conecta você via vídeo, ao vivo, a um voluntário com visão normal que pode lhe dizer qual é qual.

 

Hans Jorgen Wiberg é o inventor do Be My Eyes, um aplicativo gratuito desenvolvido em Copenhague. Ele diz que a ideia original era que as pessoas cegas utilizassem o app principalmente em casa, onde há muitas coisas que precisam ser vistas e uma boa conexão por wi-fi.

 

Mas Wiberg disse à BBC que os usuários estão usando o aplicativo em outras situações também: "As pessoas usam quando eles vão a algum lugar de ônibus e, ao sair, não encontram a entrada do prédio. Usam o Be My Eyes para vencer esses últimos 20 metros", explica.

 

"A resposta tem sido esmagadora", diz Wiberg - que também é deficiente visual. "Lançamos o app há 12 dias e já temos 99 mil colaboradores em todo o mundo. Há tantas pessoas legais no mundo", diz. Um número muito menor, 8.000 pessoas cegas, se inscreveram em busca de ajuda.

 

Kevin Satizabal, de Londres, registrou uma demonstração do serviço que postou na internet. Ele bate o botão de conexão e nós ouvimos música durante a espera por um voluntário. A música para e aparece uma voluntária com um sotaque americano. Satizabal pergunta se ela está ouvindo e ela diz que pode ouvi-lo bem.

 

"Você poderia identificar esta embalagem?", diz ele. "Estou apontando a câmera para ele, não sei se você pode vê-lo."

 

A voluntária arregala os olhos para ver e responde. "É algo de Páscoa... morango sabor marshmallow." Depois de um rápido "obrigado" e "de nada", a ligação termina.

 

Experiência

 

Voluntários leem rótulos para ajudar deficientes

Smartphones, juntamente com um cão ou uma bengala, tornaram-se uma parte importante do kit de ferramentas de uma pessoa cega. As comunidades online de fãs de tecnologia cegos trazem informações sobre quais modelos têm o software com leitor de tela por fala, por exemplo.

Mas esta é a primeira experiência com ajuda por vídeo ao vivo.

 

Quando abrimos o Be My Eyes pela primeira vez, ele pergunta: "Qual é o seu papel?" O usuário pode então escolher: "Sou cego" ou "Não sou cego".

Se o usuário é cego, ele começa a configurar o app E é informado sobre o que esperar: "Os ajudantes são voluntários e não podemos garantir a qualidade da sua ajuda ou assumir responsabilidade por suas ações.

 

Além disso, como contamos com pessoas de verdade para ajudá-los, te aconselhamos a ser paciente. Quando você solicita ajuda, você não pode, em nenhuma circunstância, compartilhar qualquer conteúdo de nudez, ilegal, de ódio ou de conotação sexual através do serviço."

 

Mas uma conexão de vídeo com uma pessoa aleatória é totalmente segura se você não enxerga?

 

Alguns argumentaram que as pessoas cegas já tem que abordar estranhos na rua se precisam de informações, e que fazer isso pela internet é, sem dúvida, um risco físico menor. Mas Wiberg aponta outras preocupações óbvias de segurança que devem ser consideradas o usar o app.

 

"Você nunca deve mostrar o seu cartão de crédito para algum desconhecido", diz ele. "Você tem que usar sua família ou amigos para esse tipo de coisa."

 

Se o usuário sofrer qualquer abuso ele pode denunciar o voluntário. Wiberg diz que o app não dá nenhuma informação sobre a localização do usuário ou do ajudante.

 

Já existem outros serviços que descrevem as fotos para as pessoas cegas. A imagem pode ser enviada com uma pergunta em anexo.

Muitas vezes, o voluntário responde com outras perguntas: "Você pode rodar a foto em 180 graus e enviar outra foto, por favor, porque eu não posso ver a frente", por exemplo. Por vídeo e conexão de áudio, porém, alguém pode pedir ao usuário para "girar um pouco mais ... um pouco mais ..." até que um rótulo de texto seja visível.

 

É um método mais imediato do que à espera de uma resposta de uma foto que pode ter sido, sem querer, tirada em um ângulo inútil.

Outro ponto positivo deste novo app, para os usuários, é o fato de que é gratuito. O aplicativo TapTapSee cobra pela ajuda recebida - 50 fotos custam US$ 4,99.

 

Então, quanto tempo leva para receber ajuda após pressionar o botão de vídeo do Be my Eyes? "Quando você recebe 99 mil inscrições em uma semana, isso gera alguns problemas de servidor", diz Wiberg, "mas quando a situação se acalmar um pouco você deve ser capaz de conseguir ajuda em um minuto."

 

O projeto atualmente recebeu US$ 300 mil para o desenvolvimento, e mais desenvolvimento pode ser necessário, já que, atualmente, só funciona no iPhone, da Apple. Wiberg diz que eles tentarão mantê-lo como um serviço gratuito.

 

 

 

Menino com deficiência visual pedala bicicleta pela primeira vez em Joinville.

 

Projeto Rodaguia existe há mais de um ano e conta com 11 bicicletas

 


Dudu é um menino que gosta de praticar esportes e é apaixonado por velocidade. Eduardo Fermiano Luccas, de seis anos, conhecido pelo grupo Rodaguia como Dudu, andou pela primeira vez de bicicleta no último mês no pátio da Associação Joinvilense para a Integração do Deficiente Visual (Ajidevi). A atividade é desenvolvida em parceria pelo Movimento Pedala Joinville e Ajidevi. Os passeios de bicicletas ocorrem nas terças, quartas e quintas-feiras.

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Francisco é guia voluntário desde o início do projeto, que começou em maio de 2014, e conta que a experiência é gratificante. Os aprendizados são constantes e a independência dos deficientes visuais, mesmo tendo a limitação da visão, faz com que ele seja mais grato a vida. O voluntário se apegou ao menino e diz que frequenta a associação pelo menos uma vez por semana.
 
- Dudu é um menino competitivo e alegre, gosta de pedalar mais rápido do que todo mundo -  comenta.
 
A mãe do menino, Marcia Espindola Fermiano, de 42 anos, conta que o pequeno Dudu nasceu com apenas 3% de visão no olho esquerdo. Ela ainda conta que teve eclâmpsia, convulsões durante a gravidez e teve que antecipar o parto. Dudu nasceu com apenas sete meses e pesando um quilo e duzentos gramas. Mas apesar da limitação visual, o menino não para quieto, gosta de correr, dançar, andar de bicicleta e nadar.  
 
- Percebo que o fato de praticar esportes desenvolveu a imaginação dele, agora ele brinca mais com bonecos e gosta de inventar histórias - conta a mãe.
 
Dudu confidencia que espera ainda andar de bicicleta todos os dias, durante várias horas por dia. 
 
- Eu amo andar de bike e quanto mais rápido melhor - diz.
  
Entenda o Projeto Rodaguia
 
O projeto Rodaguia promove passeios de bicicletas para deficientes visuais. Ele existe há mais de um ano e surgiu da parceria entre a Ajidevi e o  Movimento Pedala Joinville. Desde o mês passado conta com 11 bicicletas, nove tandem (bicicletas com mais de um lugar) e duas tandem terapêuticas (para crianças). Esse modelo de bicicleta é adequado para uma pessoa cega pedalar, com total segurança, acompanhada de um ciclista guia. As bicicletas veem de São Paulo e custam aproximadamente R$2 mil reais.
 
Presidente da Ajidevi, Paulo Sérgio Suldóvski, conta que comprou nove bicicletas tandem por meio de doações ao Fundo Municipal para a Infância e Adolescência (FIA) da Casa dos Conselhos da Secretaria de Assistência Social de Joinville. 
 
Atualmente são 15 guias voluntários do Rodaguia. Para ser um deles é fácil, basta ligar para a associação no telefone: 3436-3126 ou ir até o local. A Ajidevi fica na rua Jornalista Hilário Muller, 276, no bairro Floresta, na zona Sul.
 
A associação atende pessoas com deficiência visual (cegos e baixa visão), crianças, adolescentes e adultos do município de Joinville e região, atuando no campo da educação, habilitação, reabilitação e integração social. Possui 900 associadoscadastrados, atendendo a todas as faixas etárias.
 
Doações
 
Paulo diz que o próximo objetivo do projeto é comprar uma carretinha para transportar as bicicletas para outros lugares da cidade. Para isso, a Ajidevi criou a campanha"Além dos sentidos - um sonho aos ciclistas com deficiência visual" noFacebook para receber doações. 

A meta é conseguir um montante de R$ 2.400,00, perfazendo o total de R$ 4.000,00, para complementação da compra da carreta (R$ 1.400,00) e R$ 1.000,00 para as despesas de adaptação das canaletas de sustentação das bicicletas tandem, montagem e mão-de-obra na preparação da carreta. Você pode ajudar doando e divulgando a campanha pelo Facebook

 

 

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