
Auditiva
Dúvidas mais comuns relacionadas à surdez
O que é otalgia ?
Dor localizada no ouvido. Pode ser produzida por alterações nas estruturas do mesmo (otite, traumatismos, corpo estranho) ou em estruturas circunvizinhas ao mesmo que produzem dor referida nos ouvidos.
O que é otite ?
Otite é um termo geral usado para inflamação do aparelho auditivo. Pode ser uma otite externa, média ou interna, essa última correspondendo a uma labirintite.
O que é labirintite ?
É uma inflamação do labirinto, uma parte da chamada orelha interna. A labirintite por vezes é acompanhada de vertigem e surdez.
O que é anacusia ?
É a palavra usada quando há perda total da capacidade auditiva.
O que é hipoacusia ?
Diminuição da capacidade auditiva. É produzida por uma alteração da condução do estímulo auditivo ou uma perda da função do ouvido interno ou dos nervos correspondentes
O que é presbiacusia ?
É a perda progressiva da audição provocada pelo envelhecimento e conseqüente degeneração da células ciliadas. A maioria das pessoa nasce com a capacidade de detectar sons numa faixa de freqüência que vai de 16 ciclos ou vibrações por segundo a até 20 mil ciclos por segundo. A deficiência compromete especialmente os sons agudos, ou seja, de freqüência mais alta. Essa perda é acentuada após os cinqüenta anos. Não há tratamento clínico. Pode-se recorrer, porém, ao uso de aparelhos amplificadores de som.
O que é LIBRAS ?
É a sigla usada para designar a Língua Brasileira de Sinais. Através do Librasweb, um ambiente computacional desenvolvido para aprendizagem da LIBRAS através da Internet, é possível traduzir diversas frases para essa linguagem. No endereço http://www.dicionariolibras.com.br/é possível assistir a pequenos vídeos nos quais um portador de deficiência auditiva faz os gestos correspondentes à palavra escolhida no dicionário.
O que é um instrutor de LIBRAS ou intérprete da língua brasileira de sinais ?
Um instrutor da língua brasileira de sinais é uma pessoa surda apta a dar aulas de LIBRAS. Quem oferece o certificado de instrutor é a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS). Maiores informações podem ser obtidas na própria instituição, Rua Timburibá, 91, Vila Mariana, CEP : 04119-000, São Paulo - SP Tel: (11) 5549-3798 e-mail: feneis@surdos.com.br
O que é um aparelho de amplificação sonora individual (A.A.S.I.)?
Em alguns casos, o exame audiométrico indica a possibilidade de usar um aparelho de amplificação sonora individual (A.A.S.I.). Este é um equipamento pequeno, usado junto ao ouvido da criança, que amplia a intensidade dos sons e os traz para um nível confortável para quem precisa usá-lo. Atualmente, ele possui um nível bastante alto de sofisticação, ampliando o som de maneira cada vez mais seletiva, isto é, os sons da fala têm? prioridade? sobre os ruídos ambientais, nos momentos de comunicação.
Os benefícios advindos do uso do aparelho auditivo não são percebidos de imediato; é necessário um período de aprendizagem e de adequação auditiva que, às vezes, pode desanimar a criança e seus familiares.
Qual a diferença entre surdez e audição subnormal ?
A audição subnormal é uma perda moderadamente grave, entre 56 e 70 decibéis. Só é considerada surdez se superar 91 decibéis. Para saber mais sobre a deficiência auditiva retorne à página principal dessa seção
O que diferencia a surdez condutiva da surdez neurossensorial ?
Existem dois tipos principais de problemas auditivos. O primeiro afeta o ouvido externo ou médio e provoca dificuldades auditivas "condutivas" (também denominadas ?de transmissão"), normalmente tratáveis e curáveis. O outro tipo envolve o ouvido interno ou o nervo auditivo. Chama-se surdez neurossensorial e costuma ser irreversível.
Onde encontrar cursos de libras ?
Existem diversos sites de referência para quem procura escolas e associações que ministram esses cursos. Visitando o http://www.phocus.com.br/ASL/links.htm ou telefonando para a FENEIS no (11) 5549-3798, você poderá conhecer algumas dessas instituições.Outra alternativa é consultar a lista de eventos cursos e concursos publicada na Rede SACI, ou escrever para nossa equipe de atendimento no e-mail atende@saci.org.br
Qual o papel da escola e das clínicas de fonoaudiologia? Qual é o papel do professor e do fonoaudiólogo?
Resposta recebida da FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
Quanto à educação de surdos a escola já exerceu vários papéis. Inclusive o papel de educar os meninos surdos, para que estes, não causassem danos à sociedade. Esse foi o princípio norteador da fundação do atual Instituto Nacional de Educação de Surdos, na época do Império. Ver documentos de fundação na biblioteca do mesmo.
O papel da escola foi evoluindo no sentido de dar capacitação profissional (foi a ênfase por muitas décadas no INES), depois veio a formação geral acadêmica, mas sempre com ênfase no especial que era entendido como sendo o ensino articulado da fala, e a partir daí o ensino do Português oral como língua materna. A escola tinha uma preocupação central com ensino da fala como pré requisito para as demais aprendizagens. Esse objetivo continua sendo perseguido por aqueles que ainda entendem que a inteligência das pessoas surdas só estará comprovada se essa pessoa falar com a voz. Mas, a ciência como é dinâmica já trouxe novos conhecimentos à respeito da capacidade inata dos seres humanos para a criação e desenvolvimento de linguagem/língua independente de sermos seres humanos surdos ou ouvintes. A capacidade inata é do ser humano.
Hoje, com a discussão de novos paradigmas para a educação dos surdos no Brasil, discute-se em alguns grupos (reduzidos) de profissionais ouvintes com a participação de pessoas surdas, como é a escola que se deseja construir a partir de um novo olhar ao sujeito surdo, em princípio, um sujeito não deficiente, e capaz de uma participação dialógica em relação às questões de ordem "lingüística, educacional, escolar e de cidadania".
E, é Skliar que trata desse assunto com propriedade:
"A potencialidade de reconstrução histórica dos surdos sobre a sua educação e sua escolarização é, sem margem de dúvidas, um ponto de partida para uma reconstrução política significativa e para que participem, com consciência, das lutas dos movimentos sociais surdos pelo direito a uma educação que abandone os seus mecanismos perversos de exclusão, e pôr um exercício pleno da cidadania. Reconstruir essa história é uma nova experiência de liberdade, a partir da qual se torna possível aos surdos imaginarem outras representações para narrarem a própria história do que significa ser surdo."
Carlos Skliar no livro por ele organizado: "A Surdez" um olhar sobre a diferença, em seu artigo: Os Estudos Surdos em Educação: problematizando a normalidade. Editora Mediação, 1998. Porto Alegre. Em Atualidade da Educação Bilingüe para Surdos, em artigo já citado, Skliar faz considerações sobre o contexto de poder da escola e de como nesse espaço está presente o debate entre as diferentes formas sociais e a ideologia.
O ensino de uma forma geral tem contemplado sempre uma política cultural que privilegia o poder instituído, não dando condições para o desenvolvimento e fortalecimento de identidades próprias, pessoais, ao contrário disso, prioriza as habilidades técnicas que atendem às demandas do mercado contemporâneo homogêneo. Essa é a lógica da inclusão dos surdos nas escolas regulares com a justificativa de que assim procedendo, eles se tornarão "mais" eficazes, eficientes.
E não é por acaso que isso acontece, nada é gratuito ao se tratar de valores políticos que nunca são neutros, por isso não é tarefa simples compreender o papel da escola em uma "sociedade dividida e fragmentada racial, social, lingüística e sexualmente. A escola moderna contribui no dia-a-dia para essa divisão... " Skliar, C. (1999:08).
Para falar no papel do professor é necessário que se tenha definido que sujeito se quer ao final da formação acadêmica, como será essa escola e, assim, definir quem será esse professor. Com certeza, em princípio, não será o professor com formação acadêmica geral para o ensino de aluno ouvintes, não será um professor monolingüe, perguntamos até se será um professor ouvinte.
Responder essa pergunta requer definições claras e não hipócritas sobre todos esses pontos: que sujeito se pretende ter ao final de sua formação escolar, em que escola, qual o currículo e que formação terá esse professor. Behares, L. (1994) referindo-se à maioria das crianças surdas que são filhas de pais ouvintes, estas ao ingressarem na escola apresentam dificuldades lingüísticas e de interação, que não são conseqüência da surdez, mas são fundamentalmente, causadas por uma interação precoce deficitária dessa criança com seus pais:
A maioria dos dos filhos de ouvintes ingressam nas instituições escolares nas condições que acabamos de descrever. É nestas instituições onde, na maioria dos casos, a criança começa a receber um treinamento para a comunicação verbal2 através da modalidade oral, de uma língua oral sinalizada ou de ambas simultaneamente e, em muitos casos, através da li’ngua de sinais utilizada pela comunidade surda adulta. A escola atua como "doadora" universal" de linguagem em suas múltiplas formas.
Com relação ao papel dos fonoaudiólogos, melhor seria se os próprios respondessem. É curioso que essa área do conhecimento seja resultante das especulações que a então chamada logopedia fazia sobre os problemas de linguagem.
O Instituto Nacional de Educação de Surdos teve um núcleo de logopedia onde atendiam as pessoas ouvintes e surdas. O que os professores de surdos iam conseguindo de sucesso em relação a "fala" articulada, foi sendo absorvido pelos denominados logopedistas.
O método acima citado, organizado pelo professor Geraldo Cavalcanti, professor de surdos, também, desenvolveu uma parte específica e muito especializada das técnicas e procedimentos para a chamada oralização, tendo organizado, inclusive, uma cartilha para essa finalidade, já na década de 70.
Hoje, após o reconhecimento da faculdade de Fonoaudiologia, esses profissionais são identificados como os que ensinam a língua oral aos surdos, apesar de que a ênfase maior da grade curricular da mesma, não está nos conhecimentos relativos à surdez, nem tampouco nos conhecimentos sobre aquisição e desenvolvimento de língua materna e muito menos ainda sobre aquisição de Segunda língua. A nosso ver esse assunto precisa, também, ser definido se refletirmos dentro da visão de surdez como não deficiência, e assim muita coisa precisaria ser mudada com relação à formação desse profissional da fonoaudiologia, perguntaríamos, até, se seria ele necessário para a educação dos surdos.
Quanto ao assunto clínica, colocado em pauta, não vemos necessidade de maiores explanações, diante do que entendemos estar claro sobre a importância do foco educacional e não clínico, em relação à educação dos surdos. A fonoaudiologia pode ter sua participação como clínica, como um atendimento ele deve estar disponível, no público e no privado, como sendo complementar às necessidades dos surdos em expressarem oralmente a língua, (no caso de nosso país, a língua portuguesa), adquirida na escola, através do ensino com professores especializados em ensino de língua, pois língua não se adquire em clínica, é uma atividade social e se dá na construção interativa entre os pares.
Finalmente, entendemos ser fundamental para os profissionais da fonoaudiologia, ou para quaisquer pessoas que queiram capacitar-se para esse tipo de intervenção com os surdos, que reflitam e questionem a formação que é oferecida por essa área.